sexta-feira, 6 de março de 2009

o flamingo que não sabe andar de barco

Ela, tinha um vestido beringela a condizer com as bochechas, e estes dois juntos, formavam o par mais bonito que ele seguramente já tinha visto. Pois então, seguro de si e do seu casaco preto aproximou-se dela, e num soluço, convidou-a para dançar. Um convite feito na imediata esperança que ela dissesse logo ali que não, que não era a cena dela, que ele não se devia deixar enganar pelas bochechas ou levar pelo vestido, pois o que ela gostava mesmo era de jogar básquete. Mas ela disse que sim, e ele, culpou o casaco, e não voltou atrás.
Sem saber como começar ele inclina-se para o ouvido dela e diz, que na verdade ele é só casaco, que não sabe mesmo dançar, ao que ela lhe responde com um sorriso de quem já o tinha topado à distancia, que o importante é uma mulher com passado um homem com futuro e o espaço entre eles, e começava-se a ouvir em crescendo, páparápará pá páparápará pá, e os ombros começam a mexer, páparápará pá, e o pescoço, páparápará rá, e a cabeça, páparápará pá, enlaçasse uma mão na cintura e pá pá pá pá párará rá, e repete o refrão, páparápará pá páparápará pá, e os ombros continuam a mexer, páparápará pá, e o pescoço e a cabeça, páparápará pá, dá-se um nó entre dedos, e pá pá pá pá párará rá, e ele atira um pé para a frente, páparápará pá, atira o mesmo para trás, páparápará pá, o outro para a frente, dois passos para a direita, um passo para trás, páparápará pá, e ele a entusiasmar-se, pá pá pá pá párará rá, e ela a deixar-se levar, pá pá pá pá párará rá, e ele já inventa passos maiores que a perna, páparápará pá, um passo para a frente, páparápará pá, dois para trás, páparápará pá, avança para a direita, recua para a esquerda, roda, ombro, pescoço, mão, dedos, ele dança tudo o que não sabe, e ela deixa-se levar, páparápará rá, e passo para a frente e passo para trás, para ele; eles já dançam, para ela; estão prontos para dançar, e aí, ele mistura os passos e as mãos e os ombros troca as pernas com os dedos com o pescoço qual esquerda qual direita e quando vai a cair segura-se instintivamente no vestido dela e, pá pá pá pá pará pchhh, ele de beringela a olhar para ela do chão, e ela coberta de vermelho, e olham um para o outro, sem saber o que fazer, pois ambos sabiam o que dizer, deviam apostar no básquete, mas ninguém diz.

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