sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Be Kind Rewind
Cada vez que passo no mercado da ribeira,
levo;
um quilo de palavras mais um quilo de silêncio.
um saco; preto, isso sei.
agora, o que mais me pesa;

não o sei.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Colado no céu da boca

Sempre
Iremos sempre mais longe sem darmos um passo

E de planeta em planeta
De nebulosa em nebulosa
O D. Juan dos mil e três cometas
Mesmo sem se mover da terra
Procura as novas forças
E toma a sério os fantasmas

Esquecem-se tantos universos
Quem são os grandes desmemoriados
Quem pois saberá fazer-nos esquecer esta ou
aquela parte do mundo
Onde está o Cristóvão Colombo a quem se deve
o olvido de um continente

Perder
Mas perder como não há memória
Para dar lugar à descoberta
Perder
A vida para reencontrar a vitória

guillaume apollinaire em O século das nuvens

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

a grande guerra do pós-almoço

Cenário; mercado de queijas
Guerreiros; café, revista, i-pod
Locutor; Sol
Vencedor; i-pod

cântico v i-torioso:
un matin aussi léger
et j'à lui peser une tonne

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

gato-sapato

iam os dois; o indicado pelo seu amigo, e quem seu amigo é.
quando chegaram; para o que iam, apresentou-se; olhos verdes, rasgados e fato preto.
abriu-lhes a mesa;
"Time is running out for us"
apercebendo-se de, para o que ia, o indicado; nada timorato, recusou. qual despir seu andar cerrado, qual sapato, qual quê. nada importuno pois; quem seu amigo é, conhecia para o que ia, e lá foi, vaidoso de gato, com um belo pé enfiado no cu.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

porque batalhas?
seu tonto,

dança. Atalha

Lynching

em minha defesa apelo;
defeito como feitio, e que, por certo, feitio por defeito não é defeito.
O juiz declara-me;
amiúde
a sentença; verter a água que preenche parcialmente um balde preto para um outro igual mas, por sua vez, vazio, de modo a que, este último, por defeito, fique (por sua vez) parcialmente cheio. Quando este, assim o ficar, repetir o acto para o que entretanto, por defeito, ficou vazio. Repetidamente, metodicamente.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Fénix

Percorres-me o rosto sem te importares com as curvas que te imponho, danças ao seu sabor, transparentemente segura de ti, de ti despreocupada. Descalças-te, comes-me as feições, tornas a minha pele veludo, veludo vermelho, e ardes-me os segredos. Com eles danças, rodopias, danças, rodopias, até que extenuada cais nos meus lábios, e eu amparo-te, sabes-me a mar, e nasces-me de novo.