quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

fiu fiu ou bich bich



Ontem enquanto andava por aí, perdido entre passeios e varandas, conheci um jovem casal de gatos. Ele preto e pintor, ela branca e doméstica, Goya e Ivites, falavam descontraidamente partilhando aquele pequeno parapeito da janela de fundo azul. Goya aborda-me gentilmente, "Sabe, ando preocupado, tenho uma filha assim pela sua idade, e no outro dia, estava a comer borboletas para as flores que tem na barriga", "ela estava era a comer flores para as borboletas que tem na barriga", corrige Ivites, "tu és pior que ela. Ainda compactuas com as maluquices daquela rapariga.", suspirou Goya, "ela já tem idade para miar mais e falar menos, mas para ti será sempre pequenina", Ivites, abana os ombros como só uma mãe sabe fazer em resposta a um pai, e desvia o olhar para se entreter com um novelo qualquer. "O Rato anda a cansá-la sabe, acho que ela não se anda a alimentar muito bem", diz-me Goya, "ela sabe tratar de si, e não vês o quanto anda feliz? Vá, não sejas pai galinha.", diz Ivites.
Aquele sítio cheirava-me a café, e eu, fui-me deixando ficar, não resistindo ao aroma da conversa. O dia foi adormecendo mesmo à minha frente, mas o cheiro a café foi-se mantendo, e eu, ficando, preso, naquele simpático jovem casal de gatos, e às suas histórias de uma filha pequena, à qual ainda não sabia a cor. Goya interrompe a nossa conversa sobre uma qualquer actriz morena sensual para me dizer, "olhe. aí vem a minha pequenina", foi aí que vi alguém aparecer do escuro, realmente pequenina, mas com 15quilos de amor para lhes dar, vinha entretida, e entre uma qualquer canção num inglês aprendido a passar a ferro, e uma valsa de baile social, nem me viu. "Qual é a tua cor?", perguntei.

Sem comentários: